quinta-feira, 29 de maio de 2008

Olhar inédito no passado


Projeto TMT, que pretende construir o maior telescópio terrestre, com espelho principal de 30 metros de diâmetro, é apresentado no Brasil. Instrumento deverá ajudar a entender melhor a origem e a história do Universo (divulgação)


29/05/2008

Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro

Agência FAPESP – Em dez anos, supertelescópios estarão em uso e ajudarão o homem a entender melhor a origem e a história do Universo. Darão continuidade a uma busca incessante com destino a pistas encontradas em um passado distante, de cenas observadas hoje, mas que ocorreram há milhões ou mesmo bilhões de anos.

Um projeto iniciado em 2003, com término previsto para 2018, deverá dar origem ao maior telescópio terrestre, o TMT (Thirty Meter Telescope, na sigla em inglês), que, como destaca o nome, terá um espelho principal com 30 metros de diâmetro, três vezes o tamanho dos maiores existentes atualmente.

“Espelhos maiores melhoram a velocidade da observação e a nitidez de um objeto. A qualidade das imagens depende do diâmetro dos espelhos. Quanto maior for o telescópio, melhor será a observação. Isso é o que importa para coletar a luz”, explicou o norte-americano Charles Steidel, do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech), durante o seminário “Uma olhadela no futuro da astronomia”, que o Observatório Nacional realiza no Rio de Janeiro até quinta-feira (29/5).
O projeto é uma parceria entre a Caltech, a Universidade da Califórnia e a Associação de Universidades Canadenses para a Pesquisa em Astronomia (Acura). “Queremos descobrir as galáxias mais antigas e a história do Universo. E como galáxias como a Via Láctea se formaram”, afirmou o presidente do comitê científico do projeto TMT.

Quanto maior a distância em que se observa um objeto no espaço, mais longe se pode voltar no tempo. “É como se estivéssemos dentro de uma máquina do tempo, onde podemos descobrir a história do Universo observando objetos a distância. Com isso, voltamos cada vez mais longe no tempo para descobrir como chegamos aqui”, disse Steidel.

O norte-americano conta que o telescópio será instalado em Cerro Amazonas, no Chile, ou no Monte Kea, no Havaí. “O mais importante em relação ao local de instalação de um telescópio é a estabilidade da atmosfera. O Chile é um bom lugar, pois o país inteiro é costeiro. Vento vindo do oceano todos os dias faz com que o ar seja estável, especialmente em se tratando do Pacífico. É essencial também que a mudança de temperatura entre o dia e a noite no lugar seja a menor possível”, disse à Agência FAPESP.

Segundo Steidel, a altitude do observatório é outro fator importante, uma vez que o vapor vindo da água dos oceanos diminui em lugares mais altos. “Quanto mais alto, menor a quantidade de vapor na atmosfera. A partir de 2 mil metros de altitude é o ideal”, apontou. Cerro Amazonas está a 3 mil metros de altitude, enquanto o Monte Kea tem 4 mil. Alta resolução

O TMT é um dos três maiores projetos de telescópios ópticos na atualidade. Além dele, foram apresentados no seminário no Rio de Janeiro, realizado pelo Observatório Nacional, o Giant Magellan Telescope e o European Large Telescope.

Operando em comprimentos de onda que irão do ultravioleta à radiação infravermelha média, o TMT, de acordo com seus idealizadores, deverá ser uma ferramenta essencial para investigar questões importantes na astronomia, como a formação de estrelas e planetas, a história das galáxias e o desenvolvimento da estrutura em larga escala do Universo.

A abertura de 30 metros permitirá que o telescópio óptico foque com precisão maior do que os modelos menores, por conta da difração da luz. O grande espelho também possibilitará coletar luz de fontes mais tênues, como de estrelas mais distantes.

Segundo os membros do projeto, o TMT deverá alcançar objetos mais distantes e ver mais claramente do que os maiores telescópios terrestres da atualidade, e isso por um fator que será de dez a cem vezes mais, dependendo do tipo de observação.

O TMT empregará um sistema de óptica adaptativa que possibilitará uma performance limitada pela difração, ou seja, que poderá atingir o máximo que o sistema conseguiria em teoria. Isso, além de inédito, seria o bastante para fornecer resolução espacial de alta sensibilidade mais de 12 vezes maior do que a do Hubble.

Mais informações: http://www.tmt.org/

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Agência Fapesp

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