terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Entidades fazem ato de apoio à criação de TV pública

Diretor de teatro José Celso Martinez encena durante manifestação de artistas e representantes de entidades à favor da criação da TV pública Brasília

Iolando Lourenço e Priscilla Mazenotti
Repórteres da Agência Brasil
Foto: Wilson Dias/Abr

Brasília - Centenas de entidades voltadas ao setor de comunicação pública fizeram uma manifestação hoje (18) no Salão Verde da Câmara dos Deputados em defesa da aprovação da Medida Provisória (MP) 398/07, que cria a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), também chamada de TV Brasil. A MP, em vigor desde outubro passado, está sendo discutida na Casa para ser votada, e encontra resistência da oposição. Após o ato, os participantes visitaram gabinetes de líderes da oposição em busca de apoio.

Os representantes das entidades ressaltaram a importância da criação da TV pública para resgatar a cultura regional, abrir espaço para produções independentes, educacionais e científicas e dar oportunidade ao cidadão de participar ativamente do novo sistema."Não temos uma TV pública em que o público não só tenha acesso para ver como acesso para usar, para manifestar suas informações, seus pedidos, aspirações, sonhos", disse o cineasta Luiz Carlos Barreto.

"A TV pública é, na verdade, o começo de uma revolução e de uma reforma no sistema de comunicação social brasileiro”.Segundo ele, a TV pública pode influenciar as emissoras comerciais, como ocorreu em outros países.“O sistema comercial de TV na França e na Inglaterra foi altamente influenciado pelas TVs públicas, a BBC de Londres e o TF1 da França.

Aqui é mais que isso, é um canal público. Não quer dizer público do governo, do Estado. É público do povo, vai ser a TV do povo brasileiro”.

A cineasta Tizuka Yamazaki considera a criação da TV pública uma “grande janela de trabalho” para a produção audiovisual brasileira.“O cinema e o audiovisual brasileiros basicamente não têm espaço nem nos cinemas, dominados pelo cinema americano, nem nas TVs abertas. Nós, que somos independentes, precisamos da TV pública para que possamos escoar o nosso trabalho.

Somos cúmplices dessa necessidade de divulgar, de mostrar, de refletir o nosso universo cultural".Na avaliação dela, normalmente, as emissoras comerciais e educativas não abrem espaço para produções brasileiras independentes.“O conteúdo da TV comercial é ditado pelo patrocinador. Você vai à reboque de quem está pagando. A TV educativa está muito voltada para uma TV didática.

A TV pública que queremos é uma televisão onde a gente possa colocar o produto audiovisual independente”.

No ato de apoio à MP 398/07, o secretário de Identidade e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Sérgio Mamberti, leu uma carta do ministro Gilberto Gil.

“Sim a uma TV interativa e sensível aos debates nacionais, sim a uma TV da diversidade cultural que não seja pautada apenas pelo ibope, mas pelo conjunto dos cidadãos porque democracia não é imposição de uma maioria hegemônica, mas direito das diversas minorias”, diz o documento.

A manifestação foi organizada por entidades como a Associação Brasileira das Emissoras Públicas, Educativas e Culturais (Abepec), Associação Brasileira de Canais Comunitários (Abcom), Associação Brasileira de Televisões Universitárias (ABTU) e Associação Brasileira de Produtoras Independentes de TV (ABPITV).

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