quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Entrevista com Ângela de Castro Gomes

A construção da democracia mais do que a luta pela definição dos direitos dos cidadãos deve ser também a constante busca pela expansão desses direitos. Isso é o que afirma a cientista política Ângela de Castro Gomes, pesquisadora do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getulio Vargas (Cpdoc/ FGV).

Cidadania e consolidação de direitos na sociedade brasileira são temas de dois livros organizados por Ângela e recém lançados pela editora FGV. A pesquisadora explica que os artigos reunidos nos livros “Direito e Cidadania; justiça, poder e mídia” e “Direito e Cidadania: memória, política e cultura”, têm em comum a preocupação com a questão da demanda e da garantia dos direitos dos cidadãos após a Constituição de 1988.

Leia a seguir trechos de entrevista com a professora Ângela Gomes sobre as questões que rodeiam os livros._ Direitos e Cidadania: justiça, poder e mídia

Este livro trata do papel da justiça, do poder (governo) e da mídia. Isso significa naprática mostrar o que poderia melhorar em prol da população?
Sem a menor dúvida. Exatamente por isso, o que se chama de accountability, e que é algo de difícil tradução, está no centro de muitas dessas pesquisas. Ou seja: são textos que situam os mecanismos de interlocução entre Estado e sociedade e refletem sobre as formas que a sociedade tem de controlar o poder do Estado, de torná-lo mais “transparente”. Daí a centralidade da mídia e de estudos sobre o Ministério Público, a Justiça do Trabalho e o Tribunal de Contas, entre outros.

O que você considera fundamental nesta discussão?
Muitos pontos podem ser considerados importantes no conjunto de textos que compõe o livro. Acredito que ele contribui para uma melhor compreensão da historicidade dos direitos no Brasil contemporâneo. Contribui também para uma avaliação da centralidade da ação de determinadas instituições que atuam como controladoras do poder do Estado e também do papel da mídia e dos jornalistas, em interlocução com atores do campo da política e da justiça por exemplo.

_ Direitos e Cidadania: memória, política e cultura

Já neste livro o foco é a memória, política e cultura. É comum dizer que obrasileiro não tem memória cultural. O livro ajuda a refletir sobre esta questão?
O eixo fundamental do livro está na questão das relações entre memória, história e patrimônio. E é muito discutível a afirmação de que os brasileiros não têm memória, sobretudo uma memória que valorize sua cultura. O que verificamos em nossas pesquisas é justo o contrário: têm crescido as demandas de grupos sociais diversos por memória e vários deles se organizam em torno de projetos que mobilizam suas tradições e recursos culturais. O livro ilumina essa discussão e dá vários exemplos, como o leitor poderá verificar.

O que você considera importante nesta discussão?
Considero que o livro contribui de uma dupla maneira para os estudos que têm sido feitos na fronteira da história política e cultural, tendo a memória como diretriz. Ele acompanha as recentes demandas memoriais e discute tanto iniciativas governamentais de política cultural, como a mobilização de setores da sociedade civil para a formação de instituições de guarda de memória. Enfim, os artigos se relacionam entre si e permitem que o leitor verifique como memória e história fazem, cada vez mais, parte do cotidiano da população brasileira.

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