A Missão de Obama

Alexandre Braga*

O filósofo alemão Karl Marx não nutria ilusões a respeito das eleições presidenciais nos Estados Unidos de 1860, mas destacava, naquela época, a importância da luta contra a escravatura para a democracia.

Igualmente, hoje não podemos ter ilusão quanto à candidatura de Barack Obama a presidente dos Estados Unidos pelo Partido Democrata.

Eleito, ele, provavelmente, não vai alterar o Consenso de Washington nem mudar a Nova Ordem Mundial, pela qual os Estados Unidos se beneficiam dos demais países.

Barack Obama representa, sim, a possibilidade de construção de diálogos pontuais sobre a necessidade de inversão de prioridades nas políticas públicas para atender significativa parcela dos excluídos do capitalismo.

Essa é a principal missão de Obama enquanto clamor popular. Sua candidatura canaliza e aglutina as esperanças de todos os outros projetos políticos que não conseguiram passar pelo funil antidemocrático das eleições estadunidenses.

O fato de Obama ser negro é dos menores elementos desse jogo político. Mesmo porque só interessa a questão racial quando está a serviço de projeto de emancipação social como perspectiva de construção de nova sociedade, fraterna e igualitária. Mas sabemos da importância que essas eleições têm para o avanço da luta ideológica e política.

Eleger um presidente, no centro do globo, aberto ao diálogo fraterno com os movimentos sociais alternativos é passo histórico. Obama tem a chance de reverter o quadro da estagnação sócio-ambiental para construir uma nova correlação de forças direcionando o país para a governança realmente democrática e antenada aos anseios da paz e respeito à autodeterminação dos povos.

Opinião do Movimento Negro brasileiro sobre eleições nos Estados Unidos.

* Coordenador de Comunicação da União de Negros Pela Igualdade-Unegro
Membro do Forum Mineiro de Entidades Negras
av. Dona Senhorinha, 668, Boa Vista - BH/MG
www.unegro.org.br