sexta-feira, 9 de maio de 2008

Conselho de Educação da CNI cria agenda estratégica para elevar o nível educacional do país

O futuro da indústria e da economia brasileira está intimamente ligado à educação e ao conhecimento. O potencial de geração de inovação do país está associado à capacidade de acesso ao conhecimento e à qualidade do capital humano. Defendendo esse conceito, o presidente da CNI, Armando Monteiro Neto, instalou hoje o Conselho Temático de Educação (COED) da entidade.

Órgão consultivo da diretoria da CNI, o COED vai incentivar o debate sobre a educação, a partir da visão da indústria e promover a formação de qualidade para capacitar trabalhadores para os desafios do mercado. O Conselho também identificará e apoiará a difusão de boas práticas educacionais, além de recomendar ações que fortaleçam a educação e o desenvolvimento do empreendedorismo.

Monteiro Neto lamentou que, em pleno século 21, mais da metade dos brasileiros ainda padeça de analfabetismo funcional. “Esse quadro precisa ser revertido. Este é o grande desafio”, afirmou.

Segundo ele, as políticas públicas de universalização do acesso ao ensino fundamental não garantiram educação básica de qualidade, “que, em um ambiente de crescente competição e contínuos avanços tecnológicos, assume papel fundamental para a competitividade das empresas”. Ao mesmo tempo, acrescentou, a educação profissional constitui suporte estratégico para a sustentabilidade e competitividade da indústria nacional.

O presidente da CNI disse ter esperar do Conselho propostas de ações concretas para melhorar a qualidade do trabalho não só das entidades que integram o Sistema – SESI e SENAI – mas, sobretudo, no que a indústria possa contribuir para a melhoria da educação. “Vejo este Conselho como um centro gerador de idéias, altamente criativo e com descortinada visão do futuro.”

O COED será presidido pelo presidente da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, e integrado por 24 especialistas de várias áreas da educação. Ao tomar posse, Gouvêa Vieira afirmou que os integrantes do órgão têm o enorme desafio de criar uma agenda estratégica com propostas práticas de especialistas com larga experiência, para elevar o nível educacional no país.

“Temos a obrigação, antes de industriais, como cidadãos, de oferecer oportunidades a todos e, para isso, faz parte da nossa missão preparar melhor os que estão chegando ao mercado de trabalho, encontrando soluções para a falta de educação no Brasil”, afirmou Gouvêa Vieira A CNI, por intermédio do COED, acentuou, vai colaborar com a sociedade e com o poder público para elevar a qualidade da educação, item fundamental para uma nação que pretende ser competitiva.

A indústria tem claro que não há desenvolvimento socioeconômico sem educação de qualidade. A criação pela CNI do Conselho de Educação, que vai propor ações para elevar o nível de ensino no Brasil, é uma iniciativa prática, que foge do discurso teórico, na opinião do conselheiro Luís Carlos Scavarda, vice-reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Ele lembrou que o Sistema Indústria tem autoridade para participar desse debate na medida em que duas de suas entidades, SESI e SENAI, têm dado, por mais de 60 anos, contribuição valiosa à educação básica e profissional do país. “O Conselho é um passo adiante nesse envolvimento por reunir especialistas de várias áreas, que levarão sua bagagem e experiência para propor novas idéias”, acrescentou.

Essa também é a expectativa do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Luiz Aubert Neto, segundo o qual o maior gargalo das mais de 4 mil indústrias do setor é a falta de mão-de-obra qualificada. Em sua opinião, o país precisa investir mais em organizações como o SENAI, “que investem na inovação tecnológica, na qualificação profissional e mantêm docentes de alto nível”.

Os ex-ministros da Educação Cristovam Buarque e Paulo Renato de Souza, que tomaram posse hoje como membros do Conselho de Educação da CNI, defenderam uma firme ação política da entidade na defesa de mais investimentos para o setor.

“É preciso usar a força que a CNI tem para transformar nossos políticos em educacionistas e não apenas produtivistas como são hoje, concentrando esforços na economia e não na educação”, afirmou Buarque, senador pelo PDT. O Conselho, acrescentou, pode ajudar com boas idéias, aliando-se à sociedade e ao poder público na construção de uma consciência educacionista, “pois o progresso da nação passa forçosamente pela educação de qualidade”.

Paralelamente, Buarque sugeriu um olhar crítico sobre os muitos projetos em andamento no Congresso para selecionar os melhores e defender sua aprovação. O senador defendeu ainda que a CNI use sua força política e capacidade de argumentação para conseguir mais recursos para a educação no orçamento da União.

Na mesma linha, o deputado federal Paulo Renato de Souza (PSDB) afirmou que os investimentos em educação têm sido preocupação dos empresários diante do desafio da competição internacional. “Precisamos, tanto quanto máquinas com tecnologia de ponta, pessoas intelectualmente preparadas para lidar com esses equipamentos”, lembrou.

Ele citou os casos da Coréia do Sul e da Espanha que deram um grande salto no seu desenvolvimento e passaram a ser players importantes no mercado mundial a partir de investimentos pesados em educação. “São exemplos a serem seguidos”, conclui.

Já a secretária de Educação do Estado de São Paulo, Maria Helena Castro, disse que o Conselho tem a importante tarefa de propor sugestões de valor ao país. “Mas a prioridade tem que ser a educação básica, que é estratégica para termos, com a educação continuada, profissionais de alta qualidade.”


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