terça-feira, 13 de maio de 2008

A quem interessar possa

O apostolado dos gigolôs do movimento negro precisa ter fim. Um movimento mais forte e com novas perspectivas deve surgir.

Brasileiros e Brasileiras vivem a mais de 100 anos num país onde o conservadorismo midiático dita as regras. Onde não vale a palavra, mas o achismo. Ter opinião sobre tudo é o mesmo que universalizar uma unânimidade.

Acompanhar a campanha eleitoral americana é um passeio que só vem comprovar que "o fogo amigo" é coisa de preto. Por ter sido preterido na sua participação num posto de destaque na campanha - o pastor destilou fel.

Esqueceu-se a mesma figura que o candidato antes de ser negro é pretenso representante do povo que vai elegê-lo. No quesito legitimidade racial poder-se-ia esperar para degladiar depois da posse.

Tanto lá como cá as coisas são genéticas e as mesmas digreções, infelizmente. Pois, desde os anos de 1940 vê-se que mudou muito pouco do discurso de "coitadinho" do povo preto.

Quando se fala em projeto - o lance é sempre cultural. A lenga-lenga é a da resitência. Resistência a que? Negro contra negro?

A competência, a inteligência, a liderança, quase sempre são coibidas em detrimento de idéias lugar-comum. É só acompanhar o debate que toma conta do espaço criado pelo advogado Humberto Adami do Rio de Janeiro através do Yahoo Grupos.

Não importa se este ou aquele recebe subvenção governamental, o lance é até quando a subserviência legalista vai perdurar. Se é contra - qual a sua idéia pra melhorar?

Não importa se o atendimento a saúde é precário. Quantas pessoas você consegue mobilizar na porta do posto de saúde para exigir que as coisa possam ser mudadas?
A negrada só se reune no carnaval - e hoje em dia tem mais "estrangeiros" de várias matizes na festa momesca que negros.

Vale lembrar que a discussão real acontece nas eleições que este ano mais uma vez vai passar... será? Claro que mais uma vez "os estrangeiros" de várias matizes vão definir o que o preto deve fazer e em quem votar.

Salvador, a cidade de todos os santos e seu estado a Bahia muito lindo, é verdade, grita que sua população negra é maioria, e que beleza, nunca elegeu um prefeito negro e muito menos um governador negro - por quê? Simples, a mobilização é sempre voltada para o Pão e Circo.
É certo que o trabalho cultural é muito importante, mas precisa deixar de ser a prioridade e o único canal de acesso para o dinheiro de subsistência que dele se locupletam várias pessoas de matizes diversas.

Qual a fonte de pesquisa confiável que a Comunidade Negra Brasileira possui sobre seus candidatos no pleito municipal de 2008? Qual site na internet pode oferecer informações sobre os últimos pleitos eleitorais com foco na particpação do negro e sua ascenção no jogo democrático eleitoral do Brasil?

Desde a criação da Fundação Palmares, passando pelos Conselhos Estaduais e agora com a SEPPIR, o engessamento e encastelamento de uma elite negreira vem comprometendo de várias maneiras os avanços necessários que consolidem lutas históricas - daí o ranço do vai-e-vem dos discursos retóricos e repetitivos.

Na mídia não se pergunta porque Ronaldo, "O Fenômeno", não foi indiciado, pois a prática de contratação de serviços de prostituição é crime no Brasil, e isso fico configurado. O lance que a galera quer ver é o do sangue, ou seja, é saber se ele "fez" ou não alguma coisa com os travestis que de véspera já são bandidos - não tem família e nem dignidade, segundo e de acordo com o que vem sendo divulgado. A lei é para proteger quem mesmo? Ele é negro. Alguém se lembrou disso? A apresentação desse parágrafo é só para lembrar como se faz política nesse país. Pense...

Nessas eleições de 2008 muitas lideranças estão a espera dos líderes e títeres negros para se organizarem e terem força.

A Comunidade Negra Brasileira precisa parar de engolir sapo e realmente colocar a cara a tapa. Senão, vamos repetir o cenário medíocre da fátidica saída de ...? Quem saiu foi quem mesmo? E a constrangedora entrada de... de quem mesmo? Pois é, assim é a representação negreira no Governo Federal, dos Estados e de Municipios. O povo preto não escolhe, não participa, pois desde tempos imemóriais são ordas de gente qualquer, um bando de pessoas de cor que precisam ser guiadas. Não é assim até hoje?

O Brasil vai além de São Paulo, Rio de Janeiro e outras capitais. Se os negros são maioria, cadê seus líderes em postos chaves e em empresas de destaque? A necessidade disso passa pela formação da idéia de que todos podem se almejam. Se você tem em quem se espelhar - você avança. Muitos negros são dedicados e têm boa formação acadêmica - cadê eles, qual o espaço que ocupam - a meritocracia só funciona em discurso.

Antes que você caro(a) leitor(a) esbraveje sobre os parágrafos acima, atente sua inteligência para uma releitura e outra se for necessário. Não para concordar com o que está escrito, mas para te dar a chance de não repetir a verborrágia já conhecida desde os anos de 1940 quando os grupos negros começaram a tomar corpo político.

Toda vez que um irmão negro aparece para assumir o lugar que sempre está desocupado (aquele lugar onda a cara tem que ficar a mostra) uma junta de afoitos de uma elite negreira que não quer passar o bastão, destrona o cidadão ou a cidadã, mesmo sem saber se este ou aquela poderiam vir a dar um novo rumo à inclusão social, econômica, política e de qualidade de vida ao povo preto.

Quantos anos mais serão necessários... Em quem você vai votar neste ano de 2008, caro(a) cidadão(ã) NEGRO(A)?

por José Amaral Neto, jornalista
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