O livro publicado em junho de 1917 voltou às livrarias em nova edição produzida pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Academia Brasileira de Letras, justamente quando se comemora o centenário de Machado de Assis. Em sete conferências, Alfredo Pujol (1865/1930) conta fatos sobre adolescência, mocidade e primeiros escritos de Machado de Assis, além de comentar as principais obras e fases do autor.
Machado de Assis – Curso literário em sete conferências na Sociedade de Cultura Artística
Autor: Alfredo Pujol
Edição: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Academia Brasileira de Letras
Páginas: 352
Preço: R$ 25,00
Durante os anos de 1915 e 1916, o professor, advogado e escritor Alfredo Pujol, falecido em 1930, fez sete conferências no curso literário da Sociedade de Cultura Artística de São Paulo sobre a vida e a obra de Machado de Assis. Em 1917, o autor resolveu transformá-las em livro, agora relançado em segunda edição pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e Academia Brasileira de Letras.
Pujol coletou vasta documentação obre Machado de Assis, em sua opinião o maior escritor do Brasil e um dos maiores da língua portuguesa: “Machado de Assis, com a extrema originalidade que o caracteriza, não sofreu a ação ambiental da sua época; superior ao seu tempo, viveu a vida interior do pensamento criando com carinho obra extraordinária, de rara unidade e de sedutora beleza, que é o momento mais perfeito e mais sólido das nossas letras”.
No prefácio da nova edição, Alberto Venâncio Filho, da comissão de publicações da ABL, destaca o trabalho de Pujol e a grande repercussão das conferências em São Paulo e no Rio de Janeiro. “Pujol foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 14 de novembro de 1917, após publicar o volume sobre Machado de Assis, para a cadeira que pertencera a Machado, que fora sucedido por Lafayette Rodrigues Pereira”, comenta.
Entre os temas das conferências, comentados no livro, estão fatos da adolescência e mocidade do escritor, seus contos e os romances da primeira fase, o meio político e literário da época, o lado de crítico e cronista, obras como Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba e Dom Casmurro, além de seus últimos livros.
A leitura sempre foi presente na vida do escritor, como relembra Pujol, desde os tempos de tipógrafo de Machado na Imprensa Nacional, quando seu chefe reclamava que o serviço do rapaz não rendia porque estava sempre às voltas com livros. “Também não demonstrava interesse por política e em toda a sua obra não há vestígio de preferências ou inclinações no meio da luta dos partidos e das pessoas”, ressalta o autor.
Outro detalhe interessante da publicação é mostrar o deslumbramento de Machado quando conheceu o poeta maranhense Gonçalves Dias e José de Alencar ou, ainda, a paixão pelo teatro. “A primeira obra que publicou foi uma fantasia dramática, Desencantos, editada por Paula Brito em 1861”.
O lado pessoal também tem vez nas páginas da obra: “A condição inferior do seu nascimento não lhe permitiu, na infância e na adolescência, o gozo de qualquer conforto. Sua casa era asseada, mas sempre erma dos ornatos do luxo e da arte. No vestuário a mesma severidade, o mesmo recato”.
Quando comenta Dom Casmurro, Pujol se refere a ele como um livro cruel: “É um desses livros impossíveis de resumir, porque é na vida interior de Bento Santiago que reside todo o seu encanto, toda a sua força”.
O autor fez questão de incluir em suas conferências a paixão do escritor pelo Rio de Janeiro: “Foi um carioca apaixonado da sua cidade natal. Salvo uma viagem a Nova Friburgo e outra a Petrópolis, nunca saiu do Rio de Janeiro. Conhecia todos os recantos da cidade; amava todas as suas tradições; votava verdadeiro culto aos seus aspectos pitorescos e aos costumes peculiares à sua civilização”.
Ivani Cardoso/Maria Fernanda
Lu Fernandes Escritório de Comunicação
telefone (11) 3814-4600
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