Utilização da capacidade cai mesmo com aumento da produção e do emprego, mostra pesquisa da CNI
Sondagem Industrial divulgada hoje (28) pela instituição aponta para a entrada em operação de investimentos feitos entre 2006 e 2007. A íntegra da pesquisa está no site da CNI http://www.cni.org.br
Brasília, 28/04/2008 – A produção e o emprego na indústria de transformação brasileira cresceram no primeiro trimestre deste ano em relação aos últimos três meses de 2007. Apesar desse crescimento, a Utilização da Capacidade Instalada caiu no mesmo intervalo, o que indica a entrada em operação de investimentos na produção feitos em 2006 e 2007. É o que mostra a Sondagem Industrial do primeiro trimestre, divulgada hoje pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em Brasília.
“A avaliação dos resultados da Sondagem mostram que o que provavelmente aconteceu de janeiro a março foi o início das operações de investimentos que vinham sendo feitos desde 2006, por isso a Utilização da Capacidade Instalada recuou mesmo com a produção e o emprego crescendo”, avaliou Renato da Fonseca, gerente de Pesquisa, Avaliação e Desenvolvimento da CNI.
A produção passou de 59 pontos no último trimestre do ano passado para 52,2 pontos de janeiro a março deste ano, segundo a Sondagem. No mesmo período do ano passado, o indicador fora de 51 pontos. Na Sondagem Industrial, os indicadores variam de zero a 100 pontos, sendo que valor abaixo de 50 indicam expectativas ou crescimento negativos e acima de 50 mostram expectativa ou crescimento positivos. Na avaliação das empresas pesquisadas, o emprego ficou em 53,1 pontos no primeiro trimestre de 2008, ante 54,9 pontos de outubro a dezembro de 2007.
O índice é qualitativo e, por isso, embora o resultado da presente edição tenha ficado abaixo do da última, significa crescimento em relação ao trimestre anterior. “Normalmente o primeiro trimestre do ano apresenta queda tanto do emprego quanto da produção, por conta da sazonalidade. Como neste ano a expectativa de aumento da demanda interna é muito forte, as empresas contrataram no período e intensificaram a produção”, analisou Fonseca.
A Utilização da Capacidade Instalada caiu de 80% nos três meses finais de 2007 para 75% nos três primeiros meses deste ano, apesar do aumento da produção. “É um aparente paradoxo que pode ser explicado pelo aumento da capacidade de produção das indústrias com a maturação de investimentos”, ponderou Renato da Fonseca.
As empresas ajustaram os níveis de estoques no primeiro trimestre deste ano, aponta a pesquisa. O estoque efetivo-planejado ficou em 50,2 pontos nesta edição, ou seja, muito próximo do planejado (50 pontos). O ajuste aconteceu por conta de uma redução dos estoques entre o último trimestre de 2007 e os primeiro três meses deste ano. O indicador de nível de estoque ficou em 49,5 pontos entre janeiro e março, ou seja, queda em relação ao período imediatamente anterior.
Expectativas
Os empresários estão confiantes num aumento expressivo da demanda interna nos próximos seis meses. De acordo com a Sondagem Industrial da CNI, o indicador ficou em 62,2 pontos, ou seja, 12,2 pontos acima da linha que indica otimismo. Na última pesquisa, divulgada em janeiro, esse indicador fora de 59,4 pontos. Em relação ao emprego, as empresas que participaram da pesquisa informaram que esperam aumentar o número de colaboradores nos próximos seis meses. O indicador ficou em 54,1 pontos. Na edição anterior, fora de 53 pontos.
A compra de matérias-primas também deverá crescer nos próximos dois trimestres, segundo responderam os empresários. O indicador atingiu os 59,6 pontos, ante 57,9 pontos da pesquisa anterior. O único indicador de expectativas que teve queda e, além disso, ficou negativo foi o de exportações. Por conta da valorização do real ante o dólar, o indicador, que já tinha ficado abaixo da linha que indica otimismo na pesquisa anterior (48,5 pontos), ficou ainda mais pessimista na presente edição, com 48,1 pontos.
Ou seja, os empresários acreditam que as vendas para o exterior cairão nos próximos seis meses. Principais problemas Entre os principais problemas enfrentados pelas grandes empresas, o alto custo das matérias-primas ganhou destaque, ao subir de 25% para 34% entre uma edição e outra da Sondagem Industrial. “Isso provavelmente é reflexo do aumento de preço das commodities, tanto de alimentos quanto minerais”, afirmou Renato da Fonseca.
A falta de trabalhadores qualificados para atender as necessidades de crescimento das empresas foi citada por 19% das grandes empresas, um aumento de três pontos percentuais ante a pesquisa anterior. A Sondagem Industrial do primeiro trimestre deste ano foi feita com base nos questionários respondidos por 1.490 empresas, das quais 846 de pequeno porte, 437 de médio porte e 207 de grande porte. As empresas responderam entre os dias 31 de março e 23 deste mês.
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