terça-feira, 13 de maio de 2008

30% das empresas expõem código de ética

Campinas, 12/05/2008

Das 500 maiores empresas em faturamento que atuam no Brasil, 148 divulgam o documento em seu site nacional, aponta estudo

SARAH FERNANDES
da PrimaPagina

Entre as 500 maiores empresas com atuação no Brasil, pouco menos de um terço (148, ou 29,6%) mostra seu código de ética a consumidores e funcionários em seu site brasileiro, e, destas, apenas 22% disponibilizam o documento na página inicial. É o que aponta uma pesquisa feita pelo Instituto Ética nos Negócios, uma organização da sociedade civil de interesse público fundada em 2003.

“A adoção e a divulgação nos websites corporativos ocorre de forma tímida”, afirma o texto do estudo, intitulado Código de Ética Corporativo e apoiado pelo PNUD. Ainda assim, o instituto vê uma “tendência das empresas de intensificar a utilização desta que é a principal ferramenta não só do governo da empresa, mas, em especial, da atuação responsável”.

Para o levantamento, foram visitadas as páginas na internet das 500 brasileiras de maior faturamento, segundo o ranking da revista Exame, publicado em 2007. Os pesquisadores verificaram se o código de ética estava no site, se havia link para ele na home page e como o documento abordava pontos como represálias a funcionários que apresentam denúncias, relacionamento com o público e sustentabilidade social e ambiental.

“Nos Estados Unidos e na Europa, os acionistas cobram das empresas que divulguem os códigos de ética. O Brasil ainda tem pouca cultura corporativa nesse sentido”, afirma o presidente do instituto responsável pela pesquisa, Douglas Flinto. “Para a nossa cultura, é muito que 29,6% das empresas divulguem códigos de ética nos sites brasileiros”, avalia.

A pesquisa também detectou que, no mesmo grupo de empresas, 62,4% divulgam em sua página ações de responsabilidade social e 50,8% de preservação ambiental. “É nítido que a maior preocupação das empresas ainda é destacar suas ações de Responsabilidade Social e Ambiental”, observa o texto.

“Divulgar ações sociais e ambientais dá muito mais visibilidade para a empresa do que os códigos de ética”, comenta Flinto. “Em algumas empresas é puro marketing, porém, outras já incorporaram ações de responsabilidade social ao seu DNA, e o mesmo acontece com seus códigos de ética”.

Marisa Resende, coordenadora do núcleo de responsabilidade social do sistema FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), também considera que o percentual de quase 30% é “bem significativo, porque a adoção do código de ética como pratica de gestão é bastante nova”. Divulgar o código de ética na internet, avalia, pode contribuir para que a empresa tenha uma administração mais transparente. “Quando uma empresa coloca na internet o código de ética ela assume uma postura e se expõe para criticas também.”

É claro que o fato de uma empresa não colocar o código de ética na internet não significa que ela não tenha código de ética ou que não adote princípios éticos — do mesmo modo, disponibilizar o documento não significa que a companhia aja de acordo com os princípios que apregoa. “O fato de estar no site não representa muita coisa, porque a função de você colocar alguma ação interna da empresa no site é para os outros verem”, diz Elisabete Santos, coordenadora do curso de administração da PUC-SP e consultora de responsabilidade social e ética. “O importante é saber se ele é cumprido na prática e como foi elaborado”.

A pesquisa apontou ainda os códigos de ética dizem ser preciso reportar ao superior qualquer irregularidade. Porém, pouco mais da metade explicita que a empresa não permitirá qualquer represália aos funcionários que fizerem as denúncias. “Em muitos deles, a empresa se compromete apenas em tratar o assunto confidencialmente”, afirma o estudo.
Fonte: PNUD

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