segunda-feira, 19 de maio de 2008

Um quarto da população não tem energia

Um quarto da população mundial (cerca de 1,6 bilhão de pessoas) não tem acesso à energia elétrica e outros 2,4 bilhões de pessoas utilizam a energia de forma precária. Baseadas nesse panorama, autoridades e especialistas de vários países participaram na manhã desta segunda-feira da conferência “Tendências para a Energia no Cenário Global”, durante o Fórum Global de Energias Renováveis, em Foz do Iguaçu. A conferência foi moderada pelo secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas Energias, Altino Ventura Filho.

Segundo o secretário do MME, o Brasil já tem garantida a auto-suficiência de energia até 2030, visto a riqueza e a variedade de fontes energéticas. Grande parte dessa auto-suficiência é proporcionada pelas fontes renováveis, que correspondem a 46% da matriz energética brasileira. Em sua apresentação, Altino Ventura Filho mostrou um histórico da participação das fontes renováveis na agenda energética brasileira, desde o Proáalcool, na década de 70, ao atual Programa de Biodiesel.

“A produção de biodiesel não acarreta em problema à produção de alimentos”, frisou. “O aumento do custo de produção de alimentos ocorre pela alta do preço do petróleo.” Ele informou que a experiência brasileira com os biocombustíveis está disponível aos outros países.

Para Dimitri Piskounov, diretor do Programa de Desenvolvimento e Divisão de Cooperação Técnica da Organização das Nações Unidas para Desenvolvimento Industrial (Onudi), a falta de alimentos tem outras causas, entre elas o desperdício pós-colheita. Em países subdesenvolvidos, 50% dos alimentos são perdidos devido à falta de infra-estrutura de transporte e de armazenamento.

Diante do número elevado de pessoas que não são beneficiadas com o fornecimento de energia elétrica – 80% delas vivendo na zona rural de países pobres –, Dimitri acredita que as fontes renováveis têm o importante papel de prover energia a essas pessoas. “A prioridade é fornecer energia para o setor produtivo e acelerar a redução da pobreza”, afirmou.

O panorama das diferentes energias renováveis na América Latina e Caribe foi tema da fala de Carlos Arturo Flórez Piedrahita, secretário-executivo da Organização Latino-Americana de Energia (Olade). De acordo com ele, o potencial energético da região é muito grande, mas pouco aproveitado: dos quase 660 mil MW de potencial hidrelétrico, por exemplo, apenas 21% se convertem de fato em energia. Até 2018, empurrada pelo setor industrial, a demanda de energia vai crescer 78%, informou Piedrahita. Em paralelo, a participação do petróleo na matriz energética da região vai ser reduzida em 42%, aumentando a importância de fontes como gás natural, biocombustíveis e hidroeletricidade. “O incremento da participação das hidrelétricas vai depender da integração dos países”, avisou.

A participação da hidroeletricidade tem um grande papel no panorama atual e futuro, acredita Thomas Stelzer, subsecretário-geral para políticas de coordenação e assuntos inter-agências do Departamento Econômico e Social da Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo ele, um quinto da energia mundial é produzida por hidrelétricas espalhadas por 140 países. “Desde a década de 90 tem-se construído hidrelétricas menores. O principal objetivo é minimizar o impacto social e ambiental”.

A energia eólica foi tema da apresentação do presidente da Associação Mundial de Energia Eólica, Anil Kane. Segundo ele, a crescente demanda mundial por energia tem feito a fonte eólica cada vez mais desejável. Ele comparou a energia eólica com a nuclear e a fóssil, destacando o custo de produção muito mais baixo da primeira.

Kane informou que no contexto mundial 61% da energia eólica é produzida na Europa. Mas a América do Sul tem grande potencial para o uso desta fonte alternativa. “Brasil e Argentina são abençoados pela natureza. Num futuro próximo, esses países poderão produzir energia sem derramar uma única gota de óleo”, disse.

Problemas específicos como o caso das pequenas ilhas também foram tratados durante a conferência. O presidente da Aliança dos Estados das Ilhas Pequenas (Aosis), Angus Friday, destacou o papel das mudanças climáticas na definição de uma nova matriz energética mundial. “As mudanças climáticas são o asteróide que pode destruir o mundo”, enfatizou Friday. Ele lembrou o ano de 2004, quando Granada foi atingida pelo Furacão Ivan – 19% das casas, 80% da agricultura e 70% dos barcos foram destruídos. “Os países podem entender o que significa uma devastação desta magnitude?” Para ele, os biocombustíveis têm importante papel para mitigar os impactos do aquecimento global.

As palestras da manhã foram encerradas por Christine Lins, secretária-geral do Conselho Europeu de Energias Renováveis, que apresentou o panorama da Europa. Segundo ela, a energia renovável deve se basear no tripé competitividade, segurança de fornecimento e sustentabilidade.

“A Europa acredita que as fontes renováveis são as fontes do futuro”, afirmou. O compromisso europeu é que até 2020, 20% das fontes de energia da Europa sejam renováveis. Para isso, informou Christine, será feito um investimento de 443 bilhões de euros até essa data.

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