Ação em quilombo contou com R$ 540 mil para construir horta de alimentos tradicionais, ensinar técnicas de plantio e entregar 66 casas - Foto: Caixa Econômica Federal / Divulgação
Sarah Fernandes | PrimaPagina
Uma ação implantada pela Caixa Econômica Federal em parceria com a ENERCAN (Empresa de Energia Campos Novos) viabilizou a construção de uma horta na comunidade quilombola de Invernada nos Negros, em Santa Catarina, com o objetivo de melhorar a qualidade nutricional das 90 famílias que vivem no núcleo.
Os moradores aprenderam técnicas de plantio e passaram a incluir em suas dietas vegetais como almeirão, beterraba, abóbora e mostarda, que eram pouco consumidos. O projeto, iniciado em março de 2007, recebeu um investimento de R$ 540 mil, entre recursos para a horta e para construção e adaptação de casas.
Os moradores aprenderam técnicas de plantio e passaram a incluir em suas dietas vegetais como almeirão, beterraba, abóbora e mostarda, que eram pouco consumidos. O projeto, iniciado em março de 2007, recebeu um investimento de R$ 540 mil, entre recursos para a horta e para construção e adaptação de casas.
Antes da construção da horta, algumas casas da comunidade — localizada no município de Campos Novos, no oeste do Estado — possuíam pequenos roçados onde os moradores cultivavam milho, feijão, amendoim e batatas. "A comunidade não tinham hábito de comer salada. O principal alimento era carne salgada", conta José Maria Gonçalves, presidente da Associação Remanescente do Quilombo de Invernada dos Negros, responsável pela articulação com o banco para a implantação do projeto.
"Cultivar uma horta comunitária era prioridade, porque, além de melhorar a alimentação, permite que as pessoas aprendam como produzir mais e conheçam técnicas agrícolas", afirma Gonçalves. "Quem mais aprendeu foram as mulheres, que trabalham com cultivo de alimentos. Os homens, em geral, trabalham como empregados [em outros setores que não a agricultura]", conta.
A horta, de 400 metros quadrados, conta com irrigação automática, estufa de 100 metros quadrados e não utiliza agrotóxicos. "A produção de hortaliças era pouca e a idéia era passar a produzir em escala diferente", conta Edson Rigon, um dos técnicos da EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina), que auxiliou na construção da horta. O órgão foi parceiro no projeto e ficou responsável por ensinar técnicas de plantio para os moradores da comunidade.
"O objetivo era educar desde a produção de mudas até o cultivo das hortaliças", explica Rigon. A escolha dos alimentos que seriam cultivados foi feita pelos moradores do quilombo, respeitando hábitos alimentares tradicionais. Eles optaram por plantar alface, beterraba, cenoura, couve, mostarda, almeirão, rúcula, agrião, abóbora e pepino. A produção é dividida entre as famílias da comunidade que trabalham na horta, assim como as mudas.
O projeto da horta foi uma iniciativa do programa Caixa ODM, implantado pela Caixa Econômica Federal.
A iniciativa tem o objetivo de ajudar a alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio(ODM), uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015. Com a construção da horta comunitária, a idéia é ajudar a avançar no primeiro Objetivo, relacionado ao combate à fome e à pobreza.
Além da construção de uma horta, o projeto entregou 66 casas para os moradores de Invernada dos Negros. Todas as casas contam com água encanada e luz elétrica. "A comunidade solicitou instalação de rede de energia com o Luz para Todos, mas algumas casas não tinham estrutura para receber luz. Hoje todas as casas contam com eletricidade", conta Gonçalves.
Comunidade
Comunidade
A comunidade de Invernada dos Negros ocupa uma área de 8 mil hectares e abriga cerca de 600 habitantes. A renda média das famílias é de cerca de um salário mínimo, oriundo de trabalhos temporários na agricultura e do corte de pinus. Os habitantes, em geral, são analfabetos ou têm primeiro grau completo e se encontram em situação vulnerável a doenças relacionadas a condições precárias de higiene e de nutrição, segundo informações da Caixa Econômica Federal.
O programa prevê ainda construir uma sala de informática com quatro computadores, onde acontecerão cursos, palestras e oficinas para os moradores. Ações semelhantes às da comunidade quilombola devem ser implantadas na reserva indígena Kondá, também no município de Chapecó. Lá, está prevista a construção de uma horta comunitária e a utilização dos alimentos na merenda escolar. Os trabalhos são implantados por funcionários da Caixa Econômica Federal, voluntariamente.