terça-feira, 4 de março de 2008

Narcosocialismo e Governos Populistas

“Raros são aqueles que decidem após madura reflexão; os outros andam ao sabor das ondas e longe de se conduzirem deixam-se levar pelos primeiros.” (Lucius Annaeus Seneca)

No dia 1º, sábado, Raúl Reyes e outros 16 guerrilheiros das FARC foram mortos em território Peruano pelo Exército Colombiano

§ AÇÃO COLOMBIANA

Raúl Reyes, porta-voz internacional das FARC, considerado o número 2 da organização e mais 15 guerrilheiros foram mortos sábado em território Equatoriano, província de Sucumbíos, numa incursão bem sucedida na "zona de fronteira". Reyes respondia, na Colômbia, a 14 condenações e 121 processos penais, sendo 57 por homicídio com fins terroristas, 26 por terrorismo, 25 por rebelião, 4 por seqüestro e 9 por lesões corporais.

O governo colombiano numa taxativa advertência a seus vizinhos, coniventes com os narcotraficantes, determinou, no domingo, a "expulsão imediata" do embaixador da Colômbia em Quito.

O presidente Rafael Correa, do Equador, acusou o presidente colombiano, Álvaro Uribe, de atentar contra a soberania de seu país já que o acampamento guerrilheiro ficava a 1,8 quilômetros da fronteira colombiana. Correa só criou coragem para expulsar o embaixador da Colômbia em Quito e ordenar a retirada de seu embaixador em Bogotá depois de Chávez ter tomado esta atitude. Correa solicitou, ainda, uma reunião urgente da Comunidade Andina de Nações (CAN) e da Organização dos Estados Americanos (OEA) para tratar do ataque colombiano em território equatoriano. O Conselho Permanente da OEA, por sua vez, já convocou uma reunião extraordinária para esta terça-feira (04/03) para tratar do assunto, a reunião foi marcada para as 3 da tarde de terça-feira (17h em Brasília).

Correa afirma que não pode ter havido engano e que Uribe teria mentido quando informou que Reyes havia morrido em combate: "Os 15 corpos encontrados estavam de pijama. Foram mortos dormindo, depois de serem localizados por equipamentos de alta tecnologia, provavelmente de uma potência estrangeira." Correa exige uma retratação pública e ameaça levar o caso às "últimas conseqüências". Nas suas declarações, Correa demonstra estar mais preocupado com o que vestiam os guerrilheiros do que com o fato de os mesmos estarem homiziados em seu país. Na província de Sucumbíos existem atividades regulares das AUC e a região é sede do 48° Destacamento das FARC.

O caudilho bolivariano, em seu programa de rádio, foi incisivo: "Sr. ministro da Defesa, envie 10 batalhões para a fronteira com a Colômbia, batalhões de tanques e mobilize a Força Aérea". Chávez fechou sua embaixada em Bogotá e advertiu, durante uma reunião de gabinete transmitida pela TV no sábado: "Não queremos guerra, mas não vamos permitir que o império norte-americano,através de seu cachorrinho, o presidente Uribe e a oligarquia colombiana nos dividam. Se fosse em território da Venezuela, eu mandaria aviões de guerra. Não pense em fazer isso aqui, porque isso poderia ser sério, poderia ser razão para uma guerra".

§ ENVOLVIMENTO EQUATORIANO E VENEZUELANO

O general diretor da Polícia Nacional colombiana, Oscar Naranjo, informou que foram encontrados, no computador apreendido com o Raúl Reyes, documentos que indicam "um relacionamento estrutural das FARC tanto com a Venezuela quanto com o Equador". Os documentos relatam, ainda, que Gustavo Larrea, ministro de Segurança do Equador, em nome do presidente equatoriano, "tem o interesse de oficializar as relações com a direção das FARC" e que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, teria doado 300 milhões de dólares aos guerrilheiros.

§ DESAVENÇA HISTÓRICA

Colômbia e Venezuela

Em 1830, a Grã-Colômbia foi dissolvida e fragmentada em três Estados; Venezuela, Equador e Colômbia (à qual, à época, integrava-se o Panamá). Com a dissolução, criou-se o problema fronteiriço. Foram imediatamente iniciadas as negociações e após mais de um século de tratativas, que se estenderam até 1941, deu-se por concluída a fixação das fronteiras entre os dois países. O descontentamento e frustração com a demarcação foram incorporados ao patrimônio político da Venezuela, que se considera historicamente lesada.

Os dois países passaram a enfrentar um novo problema, desde 1964, quando a Colômbia tomou decisões unilaterais a respeito da delimitação de áreas marítimas e submarinas a noroeste do Golfo da Venezuela, uma zona petrolífera.

Os problemas decorrentes das fronteiras vivas, que se estendem por mais de dois mil quilômetros, são, fundamentalmente: contrabando, desmatamento, narcotráfico, seqüestros, ações das FARC e a imigração colombiana que estabeleceu um espaço econômico e cultural na zona de fronteira nos últimos cinqüenta anos. Como o número de marcos de fronteira são insuficientes, essas intercorrências geram um efeito multiplicador e quando o exército venezuelano reage, não raras vezes penetra o território vizinho.

Colômbia e Equador

Em que pese os problemas fronteiriços terem as mesmas origens e causas dos da Colômbia com a Venezuela, existem fatos recentes que geram tensões entre os dois países. O lançamento de uma granada de morteiro em povoado equatoriano, a morte de um comerciante na ponte que liga os dois países por militares colombianos e a invasão sistemática do espaço aéreo equatoriano por helicópteros de guerra são apenas alguns dos incidentes que contribuem para aumentar as tensões entre os dois países.

O Equador pretende abrir um processo contra a Colômbia na Corte Internacional de Justiça, pelo uso do herbicida glifosato nas pulverizações aéreas de combate às drogas na fronteira entre os dois países. O glifosato, levado pelo vento, causou danos irreparáveis ao meio ambiente equatoriano.

§ FARC

As FARC são o braço Latino americano do Terrorismo Internacional. Numa conjunção fatal ela congrega: a cocaína dos narcoterroristas e o socialismo, representado pelos presidentes Hugo Chávez, Rafael Corrêa e Evo Morales. Estes governos populistas apóiam o grupo guerrilheiro, rezam pela rota e ultrapassada cartilha de Fidel Castro e contam com a simpatia servil do presidente brasileiro.

§ DIPLOMACIA BRASILEIRA

O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia afirmou: “Acho que nós vamos mobilizar toda a força da diplomacia brasileira e de outras capitais sul-americanas para reduzir ao máximo a tensão e procurar encontrar uma solução duradoura para esse problema". Uma declaração inócua, cautelosa e por que não dizer tíbia, mostrando mais uma vez, o quanto o governo brasileiro é omisso em questões internacionais. Estaria a diplomacia brasileira, mais uma vez, com medo de contrariar os governos ‘companheiros’ sem atentar para a real necessidade de se posicionar claramente frente ao problema?

A diplomacia brasileira tem conhecimento de que a Venezuela e o Equador dão abrigo às forças guerrilheiras em seus territórios e, em conseqüência, estariam vulneráveis a esse tipo de ação por parte do governo colombiano. Chávez e Correa protestam tentando desviar a atenção internacional deste fato. O governo colombiano decidiu apenas adotar uma postura mais dura contra a guerrilha, já que seus vizinhos são coniventes com ela. A zona de fronteira entre os três países se estende por milhares de quilômetros e nenhum deles possui capacidade logística e força armada capaz de uma operação militar duradoura em plena selva tropical sem objetivo político definido. Na verdade Chávez está usando este incidente para tentar recuperar seu espaço político, tendo em vista as derrotas políticas sofridas no ano passado.

O governo brasileiro precisa liderar o movimento diplomático latino-americano visando a um processo de mediação e repudiar este acoitamento de facínoras colombianos pelos países vizinhos. O Brasil, na década de 90, deu uma resposta contundente quando os guerrilheiros das FARC invadiram o nosso território, atacaram a guarnição do rio Traíra, mataram três soldados brasileiros, feriram nove, roubaram 17 fuzis e se refugiaram na selva colombiana. Os militares brasileiros agiram rapidamente e os guerrilheiros foram emboscados, dizimados e o armamento recuperado. Não fez, à época, como a Venezuela e a Colômbia, não tolerou a presença dos guerrilheiros em seu território. Infelizmente os ‘tempos companheiros’ são outros e os bandoleiros das FARC têm sido recebidos, no Brasil, em eventos políticos como se autoridades fossem.


Coronel de engenharia Hiram Reis e Silva
(professor do Colégio militar de Porto Alegre)
http://www.amazoniaenossaselva.com.br/
E-mail: hiramrs@terra.com.br

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