segunda-feira, 28 de abril de 2008

Esfera desvendada

Na foto, técnicos do Inpe analisam objeto encontrado no mês passado em Goiás. Conclusão é que se trata de um tanque de foguete, possivelmente do Atlas 5 da Nasa. Não foi permitida a divulgação de imagens do artefato

28/04/2008
Por Thiago Romero

Agência FAPESP – Foram divulgados os resultados das primeiras análises de um artefato espacial, de formato esférico e envolto em fibras de carbono, que caiu há pouco mais de um mês em uma fazenda próxima ao município de Montividiu, no interior de Goiás.
De acordo com o coordenador de gestão tecnológica do instituto, Marco Antônio Chamon, o pesquisador responsável pelas análises no Inpe, o objeto, que tem cerca de 80 centímetros cúbicos, é um tanque de nitrogênio de alta pressão utilizado em sistemas de propulsão líquida, comum em foguetes e satélites.

“A hipótese mais provável é a de que se trata de um tanque de propulsão utilizado por um foguete da Nasa. Essa ainda não é uma informação oficial, mas chegamos a essa conclusão preliminar porque os Estados Unidos já solicitaram a posse do tanque com uma reivindicação que confirma essa nossa conclusão“, disse Chamon à Agência FAPESP. “Ao que tudo indica o tanque pertencia ao foguete Atlas 5, de propriedade da agência espacial norte-americana”, conta.

Segundo ele, a suspeita inicial de que se tratava de um material reentrado, ou seja, uma peça do espaço que reentrou na atmosfera, foi confirmada. “Esses objetos, chamados de lixo espacial, são resíduos ou partes de foguetes ou satélites que ficam, sem uso, flutuando no espaço. Calcula-se a existência de cerca de 10 mil objetos desse tipo circulando ao redor da Terra. O espaço é realmente bastante sujo”, explica o engenheiro.

Antes de ser levada para o Laboratório Associado de Combustão e Propulsão do Inpe, em Cachoeira Paulista (SP), onde se encontra atualmente, a peça foi examinada in loco, logo que foi encontrada por moradores locais de Montividiu, por pesquisadores da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) para a identificação de possíveis cargas radioativas.

Na ocasião foram feitos testes de níveis de concentração de substâncias tóxicas, como a hidrazina, cujos resultados foram todos negativos. “Na ocasião, por meio de detectores de gases, foi comprovado que não havia nenhum tipo de radiação ionizante na peça. A hidrazina, por exemplo, um produto químico usado na propulsão de satélites, era o que mais nos preocupava por ser altamente tóxica e letal ao ser humano. Apenas resíduos de nitrogênio foram encontrados na peça”, conta Chamon.

O Brasil é signatário de convenções internacionais para a devolução de objetos espaciais a outros países. “Como o país reclamante precisa provar que o objeto é de sua propriedade, ainda estamos aguardando uma manifestação norte-americana mais específica. Enquanto isso, os tratados internacionais não nos permitem fazer nenhum tipo de teste destrutivo no objeto. Devemos devolvê-lo tal como ele foi encontrado”, afirma.


“Apesar de a peça estar totalmente fora de uso, normalmente esse tipo de resgate se justifica para a realização de investigações de falha de missões espaciais. Isso deverá ocorrer nesse caso, se realmente for comprovado que o artefato realmente pertencia ao Atlas 5”, disse Chamon.

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