A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, anunciou hoje um desmatamento de 3.235 quilômetros quadrados na Amazônia de agosto a dezembro de 2007. Os números, registrado pelo sistema DETER (Detecção do Desmatamento em Tempo Real), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), apontam uma tendência de aumento do desmatamento.
O mais preocupante é o registro de áreas desmatadas nos meses de novembro e dezembro, o que é considerado atípico. Do total registrado, 1.922 quilômetros quadrados dos cortes foram nestes dois meses. Segundo a ministra, esses números apontam para duas hipóteses: uma antecipação do desmatamento em função da estiagem prolongada (os cortes ocorrem normalmente a partir de maio), ou a confirmação da tendência de aumento do desmatamento. "Mas o governo não quer pagar para ver. Vamos fazer frente ao processo, tomar a dianteira e mostrar que é possível a governança mesmo em anos atípicos", afirmou Marina.
Nesta quinta-feira (24), a ministra reúne-se com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto. No encontro, que terá participação de outros ministros, serão discutidas as medidas para fortalecer a fiscalização nos locais considerados mais críticos. O estado do Mato Grosso, sozinho, concentrou 53,5% dos cortes (ou 1.786 km2) no período, seguido do Pará (591 km2 ou 17,8%) e Rondônia (533 km2 ou 16%).
Os dados apresentados têm como base o sistema DETER que, para ser mais rápido, registra apenas parte do que é desmatado. Levando em conta os dados históricos, estima-se que a área cortada possa chegar a 7.000 km2 entre agosto e dezembro de 2007. "É um comportamento completamente novo e muito preocupante", destaca o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco.
O aumento do preço das commodities também pode ter agravado o quadro. Segundo a ministra, as atividades típicas dos estados que mais desmataram são a pecuária e a soja que, coincidentemente, registraram aumento de preços. "A realidade econômica destes estados indicam que estas atividades impactam, sem sombra de dúvida, a floresta". Ela ressaltou que para deter o aumento do desmatamento na Amazônia será preciso não somente ações do governo, mas também maior responsabilidade social e ambiental dos setores produtivos. Os municípios campeões de desmatamento são São Felix do Xingu e Cumaru do Norte, ambos no Pará, e Colniza, em Mato Grosso.
Com estes dados em mãos, o MMA quer acelerar as ações que começaram a ser postas em prática no final do ano passado, após a detecção dos primeiros sinais de aumento do desmatamento. Uma portaria, a ser assinada ainda nesta semana pela ministra Marina Silva, deve apontar os 31 municípios que mais desmatam no Brasil e que deverão obedecer regras mais rígidas de controle, estabelecidas no decreto presidencial de dezembro de 2007.
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Imprensa MMA
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