domingo, 17 de fevereiro de 2008

Estratégias da indústria do tabaco: Uma história de manipulações

ACT reúne especialistas para apresentar o que está por trás do discurso da indústria do tabaco e como enfrentá-la

A Aliança para o Controle do Tabagismo (ACT) e a Faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo promovem, em 27 e 28 de fevereiro, a partir das 19h, o seminário “Estratégias da Indústria do Tabaco: Uma História de Manipulações”. Será na PUC/SP, auditório da sala 239, localizado à rua Monte Alegre, 984, em Perdizes.

Especialistas de diversas áreas apresentarão ao público as estratégias usadas pela indústria do tabaco, ao longo de sua história, para manipular, enganar, forjar provas, desacreditar cientistas, visando a enganar a opinião pública e escamotear os malefícios causados pelo tabagismo e pelo tabagismo passivo.

“As ações contra a indústria do tabaco vêm crescendo e, por isso, a ACT entende que é importante que os estudantes estejam a par dos pormenores que envolvem este tema”, explica Paula Johns, diretora-presidente da ACT.

Em 2007, a Justiça deu, pela primeira vez, uma decisão favorável ao fumante em Minas Gerais, ainda que por maioria de votos. Em São Paulo, apesar de o Tribunal ter anulado acórdão que havia condenado a indústria a pagar indenização, o fez para determinar a produção da prova pericial em primeira instância. No Rio Grande do Sul pela primeira vez embargos infringentes (recurso para fazer valer o voto vencido de um dos desembargadores) foram julgados favoráveis ao fumante e familiares e, em apelação, houve decisão unânime contra a indústria.

Entre os participantes, estarão a documentarista Adriana Dutra; o jornalista Mário Cesar Carvalho, da Folha de S. Paulo, autor do livro O Cigarro; o jornalista canadense Francis Thompson, conselheiro da ong Health Bridge, do Canadá; além da diretora-presidente da ACT, Paula Johns.

Na ocasião, será divulgada a assinatura de um convênio entre a ACT e a Faculdade de Direito da PUC/SP, com o a finalidade de mobilizar os estudantes, divulgar o convênio e estimular a criação de um núcleo de estudos sobre tabagismo.

O seminário é aberto ao público e gratuito. As inscrições podem ser feitas pelo email actbr@actbr.org.br ou pelos telefones (11) 3284-7778 / 3284-2456, com Fabiana. Os participantes que tiverem 100% de freqüência e que se inscreverem até dia 26 ganharão certificado de participação.

A QUESTÃO DO TABAGISMO: O NOVO RELATÓRIO DA OMS

A Organização Mundial da Saúde acaba de lançar um novo relatório sobre os esforços no controle do tabagismo com um alerta: somente 5% da população mundial vivem em países com adoção de medidas-chaves que reduzem as taxas do tabagismo. Se não houver um esforço global para diminuir o número de fumantes, o tabagismo pode matar 1 bilhão de pessoas no século 21, nos países em desenvolvimento, grupo no qual está enquadrado o Brasil. Esta previsão significa 10 vezes mais mortes do que se previa no século passado. O cigarro mata 5,4 milhões por ano no mundo (mais do que a soma das vítimas de tuberculose, malária e Aids), número, aliás, que deve crescer para 8 milhões em 2030, de acordo com projeção da OMS.
O novo documento enfatiza o impacto do fumo nos países em desenvolvimento, já que 80% das mortes previstas para 2030 vão ocorrer nessas nações, de acordo com a organização. O consumo de tabaco está em queda nos países ricos, mas é crescente nos pobres e de renda média, segundo a OMS.
Isto é resultado da estratégia mundial adotada pela indústria, que foca sua expansão no público jovem e em adultos dos países em desenvolvimento, assegurando a dependência de milhões todos os anos. O alvo em jovens mulheres está destacado no documento como “um dos mais sinistros para o crescimento da epidemia”.
Outra estratégia usada pela indústria é se esquivar de qualquer aumento nos preços e impostos dos produtos de tabaco, alegando que essa política incentivaria o contrabando de cigarros. No entanto, os países signatários da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco acabam de se reunir, de 11 a 15 de fevereiro, em Genebra, com representantes de mais de 130 países, entre eles o Brasil, sobre o Protocolo do Comércio Ilícito de Produtos de Tabaco, para reduzir o contrabando, falsificação e fabricação ilícita desses produtos. Segundo Paula Johns, que participa das reuniões, “a ACT apóia totalmente esse novo protocolo, já que o comércio ilegal mina a capacidade dos países protegerem a saúde de sua população e priva a arrecadação de impostos das nações”.
Para a ACT, o Brasil teve um bom posicionamento no encontro e a expectativa é que esse protocolo ajude o país a combater o mercado ilegal, servindo de contribuição para o desenvolvimento de uma política de preços e impostos de longo prazo.

AS ESTRATÉGIAS CONTRA O TABAGISMO PASSIVO

Se as evidências contra o fumo já eram conhecidas e unânimes, na década de 80 três relatórios publicados nos EUA formaram consenso na comunidade de saúde pública e científica sobre os riscos e doenças causados pelo fumo passivo. No entanto, desde 1961 a indústria já detinha estudos demonstrando que 84% da fumaça do cigarro são formados pela corrente secundária da fumaça, que contém substâncias cancerígenas.

A resposta da indústria contra as evidências se deu através de ações articuladas em nível internacional, com a implementação de uma série de estratégias para enfraquecê-las e distorcê-las, buscando enganar o público, desvirtuar os registros científicos, evitar que as agências governamentais descobrissem fatos contrários aos seus interesses e impedir restrições ao fumo em áreas fechadas.

A indústria passou a apoiar publicamente pesquisas independentes sobre o vínculo entre fumaça do tabaco e doença. Seu propósito, contudo, foi convencer o público americano de que não haveria risco associado ao fumo passivo. Na verdade, a indústria não só buscou enfraquecer pesquisas independentes, como financiou pesquisas que tivessem resultados favoráveis aos seus argumentos.


PROGRAMAÇÃO DO SEMINÁRIO “Estratégias da Indústria do Tabaco: Uma História de Manipulações”.
27/02 - quarta-feira
Mesa de Abertura

Paula Johns, socióloga, diretora-presidente da ACT
Marcelo Figueiredo, professor e diretor da Faculdade de Direito da PUC/SP; advogado e consultor jurídico

Apresentação de trailer do documentário Fumando Espero, de Adriana Dutra

Mesa de Debates

Adriana Dutra, cineasta, diretora do documentário Fumando Espero
Mário Cesar Carvalho, jornalista da Folha de S. Paulo e autor do livro O Cigarro, da coleção Folha Explica.
Eduardo Lorenzi, diretor geral de planejamento da agência de publicidade Neogama/BBH
28/02 - quinta-feira
Mesa de Debates

Palestrantes

· Guilherme Eidt, advogado, representante da ACT em Brasília: Fumo – Servidão Moderna e violação dos direitos humanos
· Paula Johns, socióloga, diretora da ACT: A construção social do tabagismo – uma reflexão sobre ética e liberdade
· Clarissa Homsi, advogada, coordenadora da área jurídica da ACT: A Indústria tabagista no Poder Judiciário
· Francis Thompson, jornalista, conselheiro em controle do tabagismo da ONG canadense Health Bridge: Incentivos Perversos e os Limites do Controle Convencional do Tabagismo
Presidente da Mesa
Mário Albanese, presidente da Associação de Defesa da Saúde do Fumante (Adesf)


São Paulo
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(11) 3873-6083 / 3871-2331
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Rio de Janeiro
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