quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

SP dá mais emprego a menos escolarizados

Cresce, no total de empregos formais criados na cidade de São Paulo, a participação dos trabalhadores que têm até o 2º grau incompleto - Foto: SEPPIR/Divulgação

São Paulo, 06/02/2008
SARAH FERNANDES
da PrimaPagina
Cresceu a participação, no total de empregos formais criados no município de São Paulo, de trabalhadores que têm até o ensino médio incompleto, apesar de os empregados com 11 ou mais de estudo ainda serem a grande maioria, segundo um levantamento feito pela Secretaria Municipal do Trabalho de São Paulo e pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), em parceria com o PNUD.
As entidades criaram um sistema de monitoramento de dados sobre emprego na capital paulista chamado Observatório do Trabalho, que planeja produzir relatórios mensais sobre o mercado de trabalho da cidade.
O primeiro relatório, usando informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados do Ministério do Trabalho, mostra que houve mais contratações que demissões de funcionários com carteira registrada em São Paulo nos dois últimos anos. Em 2006, os trabalhadores com até o 2º grau incompleto representaram 9,23% do saldo positivo. Em 2007, 17,47%. A parcela que mais cresceu foi a de empregados com o fundamental completo (de 6,04% em 2006 para 7,14% em 2007).
Ainda maioria, os trabalhadores com segundo grau completo ocuparam 68,9% do total de novas vagas em 2006 e 62,6% em 2007. Também houve queda na participação do empregados com superior completo (de 14,22% em 2006 para 13% em 2007).
O resultado pode ser explicado por um aumento no número de postos de trabalho com carteira assinada no setor de construção civil, um dos que mais cresceram em São Paulo no período analisado, segundo o estudo. Nessa área, houve 13.629 contratações a mais que demissões em 2006 no município de São Paulo; em 2007, 36.798 (um crescimento de 170%). “Observou-se em São Paulo um crescimento no número de empreendimentos habitacionais. A construção civil pode empregar pessoas com menos escolaridade”, afirma a coordenadora do Observatório no DIEESE, Ana Maria de Freitas.
O saldo aumentou em todos os setores: indústria (46,9%), comércio (28,3%) e serviços (17,3%). Apesar de ter apresentado variação pequena em porcentagem, este é o que mais emprega em São Paulo em termos absolutos. “De um saldo de 103.573 em 2006 passou para 121.542 em 2007, revelando um acréscimo de 17.969 postos de trabalho em relação a 2006”, aponta o estudo.
O setor em que a diferença entre contratações e demissões mais aumentou no município foi o de agropecuária, ligado principalmente ao cultivo de gramíneas e à exportação de commodities. Proporcionalmente, a variação foi grande (821,5%), mas em números absolutos foi pouco representativa: 79 em 2006 e 728 em 2007. “O setor pode ter sido impulsionado pela construção civil, que exige serviços de jardinagem”, avalia Ana Maria.
O crescimento na construção civil também pode ter influenciado o aumento do número de homens contratados. O total de admissões de homens aumentou 19,4% e o de mulheres, 17%. Além disso, “em 2007 em relação a 2006, dos 60.735 empregos gerados, 43.552 empregos foram para os homens e 17.183 para mulheres”, afirma o estudo. Para a coordenadora do Observatório, um dos fatores que podem explicar o quadro é o fato de a construção civil empregar mais homens do que mulheres.
Assim como o primeiro relatório do Observatório do Trabalho, as edições seguintes deverão ser publicadas no começo de cada mês e levantarão indicadores sobre trabalho divididos em temas como sexo, faixa etária, etnia, escolaridade e renda. As fontes de dados são sobretudo o CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) e a RAIS (Relação Anual de Informações Sociais). Os estudos serão distribuídos a órgãos da prefeitura e sindicatos e devem ser agrupados em um site ligado ao da prefeitura paulistana.
Fonte: PNUD

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