Livro diz que 32% das 142 espécies aproveitadas na pesca artesanal da região estão sob ameaça; problema afeta toda costa brasileira - Crédito: IBAMA/ Daniela Kalikoski
Brasília, 04/03/2008
SARAH FERNANDES
da PrimaPagina
Em todas as regiões do Brasil banhadas pelo mar há espécies de peixes cuja sobrevivência está ameaçada, afirma um livro sobre pesca artesanal publicado pelo PNUD e pelo IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis). O problema é mais grave no Sul, onde 32% dos 142 tipos de peixes marinhos aproveitados pela pesca artesanal têm risco de não conseguir se reproduzir.
SARAH FERNANDES
da PrimaPagina
Em todas as regiões do Brasil banhadas pelo mar há espécies de peixes cuja sobrevivência está ameaçada, afirma um livro sobre pesca artesanal publicado pelo PNUD e pelo IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis). O problema é mais grave no Sul, onde 32% dos 142 tipos de peixes marinhos aproveitados pela pesca artesanal têm risco de não conseguir se reproduzir.
No Sudeste, 29% das 191 espécies ligadas à pesca artesanal estão ameaçadas — ou seja, estão sendo capturadas numa intensidade que ameaça a desova e capturas futuras. No Nordeste, região brasileira com maior diversidade de peixes marinhos pescados artesanalmente, o risco ronda 13% das 253 espécies. No Norte, estão em perigo 3% das 74 variedades de pescados marinhos. Os dados do livro, intitulado “Nas redes da pesca artesanal” e lançado no final do ano passado, são de 2005.
A situação, avalia o estudo, está ligada a fatores como extração excessiva pela pesca industrial e artesanal, poluição das águas, aumento desordenado do turismo, especulação imobiliária e desapropriação de terras dos pescadores. “Essas avaliações sugerem que as expectativas de aumento da produção no Sudeste-Sul devem, necessariamente, envolver medidas efetivas de manejo e redução da intensidade da pesca”, aponta o texto.
Uma das estratégias para tentar reverter o quadro tem sido a criação de reservas extrativistas costeiras e planos de ordenamento da pesca, respeitando os ciclos reprodutivos das espécies. “Uma regra da biologia é só capturar um peixe depois de ele ter se reproduzido pelo menos uma vez. Porém, muitos indivíduos que ainda não se reproduziram são capturados”, alerta Adriane Lobo, consultora do PNUD e organizadora do livro.
O PNUD financiou a elaboração dos estudos e a contratação dos consultores que trabalharam nas pesquisas e na edição do livro.
Pesca artesanal
A ameaça às espécies de peixes e a redução dos cardumes afetam diretamente as comunidades que vivem da pesca artesanal — atividade que emprega cerca de 2 milhões de pessoas e, em 2002, foi responsável por 52,5% das 535.403 toneladas de peixes extraídas no país. O livro considera uma atividade pesqueira como artesanal quando é desenvolvida por membros da família — sem contratação de empregados — e visa principalmente a subsistência.
Em razão da redução do número de peixes, os pescadores tradicionais mudaram o foco de captura. Na região Sul, por exemplo, cação, bagre e miragaia perderam espaço para tainha e camarão, que apresentam um ciclo de vida mais curto. Além disso, a redução do pescado tem sido responsável pelo “aumento da pobreza entre os pescadores, desagregação da comunidade e fragilidade da cultura tradicional”, segundo Adriane.
“Há muito, o Estado praticamente esteve ausente dos processos de estímulo ao desenvolvimento socioeconômico das comunidades de pescadores, da criação de políticas e estratégias de desenvolvimento sustentável do setor — o que aumentou a pobreza em que já estavam imersas, a sobrepesca e a degradação costeira”, aponta o estudo.
A pesca artesanal é freqüente nas quatro regiões do Brasil banhadas pelo mar, porém, prevalece nas regiões Norte e Nordeste. Já no Sul e Sudeste “pouco mais da metade do pescado é proveniente da captura industrial”, segundo Adriane. Ela ressalta, entretanto, que faltam informações para compor estatísticas sobre pesca, e que poucos dados cobrem as atividades mais tradicionais. “A pesca artesanal acaba sendo reportada como industrial, por ser na indústria o ponto de coleta da informação”, afirma.
Os pescadores artesanais se organizam em colônias — eram 381 em 2004, segundo o livro. A maioria delas tem pouca estrutura para comercialização e, por isso, depende de um intermediário para transportar a produção até os mercados consumidores, o que reduz o ganho das famílias.
Estudo
Confira o primeiro capítulo do livro "Nas redes da pesca artesanal", publicado pelo PNUD em parceria com o IBAMA.
Fonte: PNUD
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela visita. Todo comentário é moderado.
Palavrões,ofensas e assemelhados não são aceitos, assim como textos fora do contexto do post e/ou com link para outro site.